Havia em remotas terras ao sul um homem sábio. Todos quando encontravam dúvidas iam até ele, e ele nunca era precipitado em aconselhar os que lhe buscavam. Sempre meditava, buscava relembrar das experiências que passara e as que recebera de seus pais. Não era mais que um menino crescido, mas todos reconheciam ali sua sabedoria. Vivia uma vida simples, de simples e bons hábitos, acordava, banhava-se, vestia-se sobriamente e alimentava-se do fruto da terra e de doações que por vezes recebia de seus compatriotas, os quais servia com sua sabedoria, não era rico, mas todos seguiam seus sábios passos.
Certa vez, um estrangeiro passava por aquelas terras, e ouvindo falar do mesmo foi ter consigo. Ao encontrá-lo surpreendeu-se com a maneira com que o mesmo vivia. Vendo o lugar onde vivia o homem sábio indagava-se como ele que era conselheiro de seu povo vivia daquela forma, sem privacidade, com quase todos ao seu redor a quase invadir-lhe seu lar de tanta proximidade que havia entre as casas dali.
Bateu a sua porta, ao que fora recebido por um jovem, questionou-lhe sobre o sábio. Este informou que era o filho do mesmo, e que ele estava em suas atividades. Tinha partido cedo para o riacho, onde também encontraria seus compatriotas, e muitas vezes ali era onde exercia sua sabedoria. O forasteiro pediu então ao jovem que lhe dissesse como chegar ao lugar exato onde poderia encontrar seu pai, o que prontamente foi atendido.
Após não mais de meia hora de caminhada, por caminhos tortuosos, chegou onde fora instruído, ali chegando viu o homem rodeado de aldeões, sentava-se sobre uma pedra e falava-lhes das coisas que sabia, a fim de auxiliar-lhes.
O estranho foi ter consigo e apresentando-se, pediu-lhe alguns minutos de seu tempo, que lhes foram concedidos.
“Sou cidadão das terras do norte”, disse, “e estando de passagem por aqui me fora dito de sua sabedoria, e vim ter contigo”. “No que te posso ser útil, irmão?” respondeu ainda sentado, sem movimentar-se muito. Os que ali com ele estavam deixaram o local, aprenderam com o homem que há tempo para tudo e para todos, e entendiam que aquele tempo era daquele homem.
“Em minha terra há um guru, o que me parece que buscas ser para os teus pares, mas ele vive em riquezas, e me surpreendi ao ver como vives....”.
E continuando a falar-lhe, convenceu-lhe a deixar sua terra para ter com este guru, no fundo era conhecedor da corrupção humana, e compreendia que a grande maioria dos conselhos que dispensava era para resolver problemas gerados pela falta de recursos dos que ali vivam, pensava consigo que se fosse ter com esse guru teria por resolvido grande parte de suas pelejas, acumularia bens, e não seria mais teórico, mas prático na ordenação da vida de seus patrícios.
Seguiu em viagem por nove luas, até chegar às terras do norte, onde finalmente encontraria o guru. Ao chegar a vila principal, avistou um palácio no alto de uma colina, e logo imaginou que ali viveria o rei dentre eles, no que tivera retificado o pensamento com a informação que ali era a residência do mencionado sábio local. Por estar acompanhado de um dos líderes dessas terras, não enfrentou problemas em ser recebido por este, porém antes o mesmo pediu que ele ali ficasse por mais três luas antes de vir a seu encontro. Nessas três luas, notou tudo e todos naquele vilarejo, eram de fato ricos e bem sucedidos, viviam em grandes casas, com grandes espaços entre si, era como se cada um tivesse seu próprio pequeno reino, diferentemente do seu lugar de origem. Andavam em suas suntuosas carruagens, o que fazia com que as ruas estivessem sempre em permanente comemoração, se comparado a sua pátria, onde só viria algo parecido em ocasiões de festividades.
Finalmente era chegado o momento do seu encontro com o guru, em seu encontro não deixou de perceber o luxo daquele local.
“Excelência”, iniciava assim sua fala. “Venho das terras do sul, onde vive meu povo, a quem sirvo, assim como serviram meus antepassados, e me foi feito conhecido a forma como vivem os dessas terras, e com a finalidade de melhor colaborar com os meus, vim ter contigo, para que me auxilies em seu desenvolvimento”.
O velho que se assentava em uma grande almofada ergueu-se e tomando-lhe pela mão, levou-lhe à sacada que estava a poucos metros de onde sentava. “Olhe, veja todos daqui. Há um grande rio nesse local, mas ninguém usufrui dele para compartilharem suas vidas. Há também largas ruas, mas os que ali passam não param para cumprimentar-se, suas carruagens são a única referencia de quem ali está. Olhe as casas, são tão grandes, belas e muradas, que nenhum divide com o seu vizinho a alegria do que possui. Volta e diz a teu povo para irem ao encontro das águas, mas ensina-lhes dessa forma, assim eles irão ali e almejando ir buscar encontrar algo nas águas encontrarão a si mesmos. Diz-lhes também que economizem os recursos e construam casas próximas umas das outras, para economizar o material de suas construções, e compartilhando a mesma parede entre suas casas eles farão de seus lares um e que deixem as carruagens e os cavalos guardados para buscar o que lhes forem necessário em tempos de dificuldades, assim terão sempre meios para mais do que imediatamente o fazer, mas dessa forma eles caminharão nas ruas e encontrar-se-ão, cumprimentar-se-ão e conhecer-se-ão. Entendes meu caro? Faça o sentimento de fraternidade crescer entre eles e serão um povo próspero e desenvolvido, sede tu exemplo para eles.”
O homem sábio teve seus olhos cheios de lágrimas e saiu de sua presença sorrindo.
Diante de tanta merda no mundo, e pessoas que ganham fortunas sem o menor talento, encontramos raridades como essas. Parabéns, muito foda!
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