Todos os dias uma pequena família de agricultores se reunia perto do riacho que passava perto de sua casa. Eram felizes, e viviam basicamente do que cultivavam. Passaram por algumas más situações em outras épocas, mas sempre esperavam com esperança pelo tempo vindouro. Compartilhavam o que possuíam com seus vizinhos, eram-lhes como família também. Ali, próximo a eles, havia duas propriedades que em dimensão assemelhavam-se à deles, em uma delas o seu proprietário plantava flores, era genial a forma como o mesmo conseguia colher durante todo o ano, na outra havia um velho senhor, de quem pouco se sabia a respeito, sua propriedade parecia não cuidada, e ele poucas vezes era visto. Chegava o outono daquele ano e toda a plantação dessa família estavam pronta para ser colhida, belos frutos eles eram. Chegou a época da colheita, e todos da família se empenharam ao máximo para aquela colheita, e do resultado da mesma, como sempre, compartilharam com os que estavam próximos de si. Naquele ano, como ocorria anteriormente, em sua divisão eles negligenciaram o velho vizinho. Logo após a primeira colheita, veio uma tempestade que devastou toda a área, todo seu trabalho de meses destruído em uma noite. O mesmo ocorrera com todos na área, das belas flores restavam apenas pétalas, que agora se espalhavam em todo o campo ao redor. Todos entraram em desespero, não tinham a quem recorrer. Sabiam, porém que o vizinho das flores as comerciava e, portanto teria possibilidade de ir ao seu auxílio, e foram ter com ele, e passaram pela propriedade, mais do que devastada do velhinho, mas a sua aflição era tamanha que não pararam ali para nada. Ao chegarem à propriedade do florista, encontraram-no em prantos. Dirigiram-se a ele, ao que descobriram que todas as flores que plantava não lhe eram suficiente para cobrir as despesas de sua casa, mas o fazia por amor à beleza e pela felicidade que trazia a si e aos outros. Sentiram a dor do mesmo e cabisbaixo regressaram a casa, notaram em seu retorno que a casa do idoso perdera parte de seu telhado e preocuparam-se com o mesmo, ainda que com pouquíssimo contato, foram até a sua porta e ao baterem não houve resposta, adentraram então para encontrar o senhor deitado em sua cama, sem vida, segurando uma das flores que o vento levara a sua casa e em sua mão direita um bilhete que dizia: “ Caros vizinhos, escrevo-lhes esta nota como agradecimento pelos anos felizes que me foram proporcionados, em meu coração foi lançada uma semente por vocês, dentro da gaveta ao lado da mesa há algo que gostaria que lhes fosse útil e gostaria que o aceitasse, Gael”. Foram até a mencionada e ao abrirem encontraram uma bolsa cheia de moedas de ouro, que era mais do que suficiente para si e para o florista manterem-se por todo aquele ano. Não entendiam o motivo de sua generosidade, até também encontrarem seu diário, onde leriam: “Hoje é dia de alegria, meus vizinhos iniciaram a desfrutar do resultado de seu esforço, eles estão felizes, terão alimento para todo o semestre, e com sobras para manterem-se o resto do ano, eles enchem meu coração de alegria ao ver seu coração, como eles andam pra todo o lado com suas cestas cheias e eles se alegram em dividir o que vem de seu suor, e não sabem o quanto que contribuem para meus dias, mesmo quando sei que eu serei esquecido. Mas quem há de se lembrar desse velho? Como eu gostaria de ao menos poder dizer a cada um o quanto eles são importante para mim e como alegram meus dias com sua música, seus sorrisos, com as cores e fragrâncias das flores....” . A mãe, entre eles, chorava ao ouvir o escrito e o mais novo entre eles os olhava, quando lançou sua questão: “Como podemos pagar a ele papá? Não plantamos e lhe vendemos, como agora receber esse fruto se não plantamos tal semente?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário