Em uma galáxia distante havia um reino, o mais belo que se possa imaginar e ali reinava Ele, era assim sempre referido em entre os seus, ser majestoso, impecável, melhor, talvez única certeira definição de lógica, o estudo dos processos válidos e gerais pelos quais atingimos a verdade
A beleza de seu reino era incontestada. Não havia nada que se comparasse. Da coroa foi tomada a decisão de que esse reino deveria se espalhar pelas esquinas da existência e assim fora feito.
Uma noiva para seu filho, mas quem dentre as existente ser-lhe-ia adequada?
Resolvera-se então que ela deveria uma virgem ainda a nascer e assim ficou decidido. Em pouco menos de uma semana nascia uma virgem filha de uma mãe que Ele criara.
Era linda, perfeita, seus olhos brilhavam, por desde cedo contemplar a presença do seu amado.
Seu desenvolvimento, porém não condisse com a natureza do que a desposaria.
E ela vivera anos de complexidade e tortura por ter em algum ponto desejado a outro, por uma só ocasião, poucos instantes, ela deixara de ser a perfeita, e isso lhe tirou o direito de ser a rainha.
Afastou-se então da casa real e posteriormente de seus domínios, e longe dali aprendera outros hábitos, alguns dos quais lhe fazia recordar o lar, outros que ela nem sequer imaginava existir. Mas seus anos terríveis a fizeram se adaptar à sua nova realidade. Como ela ansiava pelo que perdera. Pensava-se perdida.
Dentro das dependências do palácio do governo, porém o príncipe determinava-se a resgatá-la, mas como agora seria tê-la de volta, se sua vida a levara a promiscuidade com seus inimigos também.
Ele se preocupava com isso, não pela sua reputação, Ele era da casa dEle, ou seja era por si mesmo grandioso, e sabia o amor que sentia pela sua amada e foi a seu pai e recebeu permissão patriarcal para partir em busca de sua amada e resgatá-la, ele surpreendeu-se ainda com a revelação de seu pai que esse era também seu desejo. A alegria era imensa saber que iria ir ao encontro dela novamente, e ter certeza que seus olhos ainda brilhavam ao encontrá-lo e contemplá-lo, sabia de sua grandiosidade e importância, não podia adentrar em outros reinos, ainda que inferiores aos seus sem pertencer a alguma casa dos que ali viessem.
Chamou seu mais eficiente emissário e mandou-lhe ir ao encontro de uma família que vivia onde escutara habitar sua amada, pediu-lhes humildemente que o recebessem em seu seio como filho, para que pudesse andar por aquelas terras não como estrangeiro. Uma família de nobres atos fora feita sua receptora e partiu a essa casa, sendo ali sido feito filho, ainda que todos soubessem sua verdadeira identidade. Acomodaram-lhe e instruíram quanto aos hábitos diferente do local, não por sua preocupação quanto à influência desses hábitos sobre Ele, mas por saber que os mesmos poderiam encurtar tal nobre visita.
Chegava o tempo do encontro com sua amada, e a encontrou em trapos, em devaneios, muito diferente da que deixou sua companhia. Olhava-a de longe, não se pronunciou ou anunciou.
Passaram muitas luas até que um dia ao caminhar nas ruas, despertou a curiosidade da mulher que o observava, ela reconhecia como familiar aqueles passos. Sua curiosidade a levou a segui-lo, o perdia de vista muitas vezes, mas jubilava quando o reencontrava, não conseguia ver seu rosto, sempre coberto como os de outros daquela localidade. Desejou ouvir sua voz, e quando se aproximou e olhou-lhe nos olhos, reconheceu quem estava diante de si. Lágrimas escorreram de seu rosto e ela deixou o local. Sua tristeza em saber quem ali estava e a condição em que se encontrara era motivo de vergonha. Seguiu em direção a área da cidade onde vivia e ali se aquietou e encheu de angústia, quando sem menos esperar ver uma mão a tocar-lhe a face e abrir o sorriso. Sim, era seu amado que se posicionava frente a si, baixou a cabeça, com sinal de tristeza e arrependimento, este a ajudou erguer e disse-lhe “vim buscar a minha princesa”, ela não entendia o porquê de tudo aquilo e passou a atormentar-se por alguns segundos, sendo interrompida por um afetuoso abraço. Ele dizia que nunca a esquecera e que ali estava para resgatá-la de volta pra sua companhia. Ela apresentou-se e com seu gesto exibia sua aparência, ao que este disse “vá entre em tua casa e banha-te e eu hei de vir buscar-te ao amanhecer” e partiu, antes do amanhecer, porém ouvira que havia deixado aquela terra e precipitou-se no turbilhão de pensamentos. Ao raiar o dia, contrariando seus pensamentos, lástimas e aflições, era agraciada com um baú onde havia um vestido matrimonial, jóias para adorná-la e um bilhete onde se lia “Disse que viria, não deverias ter-te afligido, nem duvidado, tu sabes que mantenho minha palavra, olha para cima” e ao olhar para o alto de um monte bem próximo de onde vivia, viu seu príncipe com a comitiva real que lhe aguardava para levar para sua casa.




