quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A princesa que se perdeu


 Em uma galáxia distante havia um reino, o mais belo que se possa imaginar e ali reinava Ele, era assim sempre referido em entre os seus, ser majestoso, impecável, melhor, talvez única certeira definição de lógica, o estudo dos processos válidos e gerais pelos quais atingimos a verdade
 A beleza de seu reino era incontestada. Não havia nada que se comparasse. Da coroa foi tomada a decisão de que esse reino deveria se espalhar pelas esquinas da existência e assim fora feito.
 Uma noiva para seu filho, mas quem dentre as existente ser-lhe-ia adequada?
 Resolvera-se então que ela deveria uma virgem ainda a nascer e assim ficou decidido. Em pouco menos de uma semana nascia uma virgem filha de uma mãe que Ele criara.
 Era linda, perfeita, seus olhos brilhavam, por desde cedo contemplar a presença do seu amado.
 Seu desenvolvimento, porém não condisse com a natureza do que a desposaria.
 E ela vivera anos de complexidade e tortura por ter em algum ponto desejado a outro, por uma só ocasião, poucos instantes, ela deixara de ser a perfeita, e isso lhe tirou o direito de ser a rainha.
 Afastou-se então da casa real e posteriormente de seus domínios, e longe dali aprendera outros hábitos, alguns dos quais lhe fazia recordar o lar, outros que ela nem sequer imaginava existir. Mas seus anos terríveis a fizeram se adaptar à sua nova realidade. Como ela ansiava pelo que perdera. Pensava-se perdida.
 Dentro das dependências do palácio do governo, porém o príncipe determinava-se a resgatá-la, mas como agora seria tê-la de volta, se sua vida a levara a promiscuidade com seus inimigos também.
 Ele se preocupava com isso, não pela sua reputação, Ele era da casa dEle, ou seja era por si mesmo grandioso, e sabia o amor que sentia pela sua amada e foi a seu pai e recebeu permissão patriarcal para partir em busca de sua amada e resgatá-la, ele surpreendeu-se ainda com a revelação de seu pai que esse era também seu desejo. A alegria era imensa saber que iria ir ao encontro dela novamente, e ter certeza que seus olhos ainda brilhavam ao encontrá-lo e contemplá-lo, sabia de sua grandiosidade e importância, não podia adentrar em outros reinos, ainda que inferiores aos seus sem pertencer a alguma casa dos que ali viessem.
 Chamou seu mais eficiente emissário e mandou-lhe ir ao encontro de uma família que vivia onde escutara habitar sua amada, pediu-lhes humildemente que o recebessem em seu seio como filho, para que pudesse andar por aquelas terras não como estrangeiro. Uma família de nobres atos fora feita sua receptora e partiu a essa casa, sendo ali sido feito filho, ainda que todos soubessem sua verdadeira identidade. Acomodaram-lhe e instruíram quanto aos hábitos diferente do local, não por sua preocupação quanto à influência desses hábitos sobre Ele, mas por saber que os mesmos poderiam encurtar tal nobre visita.
 Chegava o tempo do encontro com sua amada, e a encontrou em trapos, em devaneios, muito diferente da que deixou sua companhia. Olhava-a de longe, não se pronunciou ou anunciou.
 Passaram muitas luas até que um dia ao caminhar nas ruas, despertou  a curiosidade da mulher que o observava, ela reconhecia como familiar aqueles passos. Sua curiosidade a levou a segui-lo, o perdia de vista muitas vezes, mas jubilava quando o reencontrava, não conseguia ver seu rosto, sempre coberto como os de outros daquela localidade. Desejou ouvir sua voz, e quando se aproximou e olhou-lhe nos olhos, reconheceu quem estava diante de si. Lágrimas escorreram de seu rosto e ela deixou o local. Sua tristeza em saber quem ali estava e a condição em que se encontrara era motivo de vergonha. Seguiu em direção a área da cidade onde vivia e ali se aquietou e encheu de angústia, quando sem menos esperar ver uma mão a tocar-lhe a face e abrir o sorriso. Sim, era seu amado que se posicionava frente a si, baixou a cabeça, com sinal de tristeza e arrependimento, este a ajudou erguer e disse-lhe “vim buscar a minha princesa”, ela não entendia o porquê de tudo aquilo e passou a atormentar-se por alguns segundos, sendo interrompida por um afetuoso abraço. Ele dizia que nunca a esquecera e que ali estava para resgatá-la de volta pra sua companhia. Ela apresentou-se e com seu gesto exibia sua aparência, ao que este disse “vá entre em tua casa e banha-te e eu hei de vir buscar-te ao amanhecer” e partiu, antes do amanhecer, porém ouvira que havia deixado aquela terra e precipitou-se no turbilhão de pensamentos. Ao raiar o dia, contrariando seus pensamentos, lástimas e aflições, era agraciada com um baú onde havia um vestido matrimonial, jóias para adorná-la e um bilhete onde se lia “Disse que viria, não deverias ter-te afligido, nem duvidado, tu sabes que mantenho minha palavra, olha para cima” e ao olhar para o alto de um monte bem próximo de onde vivia, viu seu príncipe com a comitiva real que lhe aguardava para levar para sua casa.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Olhar do menor pelo maior? Quem o será?

Sempre se ouvira falar do famoso gueto, era muito conhecido entre todos daquela cidade, os de origem kélu eram todos feitos seus moradores, por livre vontade e vezes por falta de vontade. Construíram ali seus lares, eram todos submisso aos devaneios dos biakis. Viviam na mais keluana de todas as cidades fora de terras keluanas, instintivamente buscavam ser próximo em hábitos dos de Biakistão. Havia ali, porém um que não era levado a atender esse movimento. Por força maior do destino passara a viver com os do povo dominador, e sua aparência lhe conferia livre acesso aos mesmos, os kélu-biakis se misturaram em certa época da supremacia de um sobre o outro. Eram assim chamados por que eram mesclados, mas quase sempre se integravam à primeira etnia. Ele passara a confrontar em seus dias com os dois mundos, e ali conheceu um biaki, esse passou a lhe ensinar do seu povo, e o kélu-biaki se impressionava pelo que seu amigo lhe agora fazia conhecido. Certa vez, por motivo de doença na família dele o fez pedir ao que lhe era estrangeiro em sua terra para levar-lhe ao interior da colônia de Keluária. Esse se assustou ao ouvir tal pedido. O que queria este afinal em tal lugar? Tomou seu cavalo por fim e foram ao local intencionado, ali chegando nada de novo para o seu morador, mas algo novo ocorria, o que era por todos conhecido por biaki sentia-se muito local em um local que jamais estivera, mas que sempre estivera dentro de si. Ali conseguiram as ervas que salvaria o de sua família. Manteve-se quase todo tempo calado naquele pedaço do mundo, mas enquanto muitos descreveriam seu silencio como ato de desprezo pelo que via, era admiração que lhe segurava a língua.